Troca e sequestro, olhar de través o Atlântico, penúltimo encontro do Ciclo Pororoca, recebe o poeta André Capilé e o compositor Sérgio Rodrigo para uma conversa sobre a troca cultural existente há séculos entre as duas margens do Atlântico, a constante tentativa de imposição e invisibilização de estéticas e a necessidade de deseurocentrização da escuta e do olhar.

O que quer um museu no século XXI? E que museu queremos? Muito mais do que repositórios de objetos, museus são importantes pontos de encontro de pessoas e ideias. Humanidade, honestidade e experiência humana encontram-se nesses espaços. Eles nos conectam ao passado e ao presente, às experiências coletivas e individuais e, ao fazer isso, garantem nosso futuro. Como construir, no entanto, a democratização do conhecimento nestes espaços, possibilitando o sentimento de pertencimento por parte do público, em países que tiveram parte da sua população constantemente alijada do acesso à cultura? O oitavo encontro do Ciclo Pororoca discute este tema extremamente relevante com a participação de Maria Raquel Fernandes, diretora do Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea, e de Marcelo Campos, curador chefe do Museu de Arte do Rio de Janeiro.

Tendo o desenho como ponto de partida, o artista capixaba Rick Rodrigues utiliza a materialidade do bordado para realizar abordagens sobre memória, gênero, afetividade e territorialidade. Marlon de Paula desenvolve uma pesquisa voltada para a biopolítica do corpo e sua relação com o espaço geográfico que habita, por meio de interseções entre a performance, fotografia, vídeo e a instalação. Através dos processos criativos de ambos os artistas e de obras criadas em espaços e tempos de isolamento, o sexto encontro do Ciclo Pororoca discute a importância de permitirmos o afeto em tempos de escuridão.

A palavra cultura tem a sua origem semântica no latim: cultus significa o ato de ocupar, lavrar a terra, produzir continuamente. Civilização e cultura são palavras que se entrelaçam há milênios e podem, muitas vezes, definir a mesma coisa. Funcionando na casa em que Pierre Verger viveu durante anos em Salvador, a Fundação Pierre Verger, além de preservar a obra do fotógrafo e antropólogo, se preocupa em integrar por meio de cursos e oficinas gratuitas a comunidade local e adjacências. Fundada em 2015, a Associação dos Amigos do Festival Artes Vertentes (AAFAV) é responsável pela manutenção do projeto sociocultural criado e desenvolvido pelo Festival Artes Vertentes, que hoje beneficia cerca de 100 crianças e adolescentes do município de Tiradentes (Minas Gerais). Com a participação de Jucélia Teixeira Novo (Fundação Pierre Verger) e Antônio Vidigal (AAFAV) e a partir do trabalho desenvolvido pelas respectivas organizações da sociedade civil sem fins lucrativos, o sétimo encontro do Ciclo Pororoca discute a participação da sociedade civil no cenário cultural e a possibilidade de transformação da realidade presente na sociedade brasileira por meio da arte e da cultura.

A partir da performance-instalação “Mil Litros de Preto”, que integrará a programação da 9ª edição do Festival Artes Vertentes (26 de novembro a 06 de dezembro) e da confrontação com imagens que permeiam o nosso cotidiano e a história da arte, a artista Lucimélia Romão e a arte-educadora e curadora Elidayana Alexandrino discutem o racismo estrutural e institucional no Brasil. Desde os discursos centenários que criaram um imaginário na sociedade brasileira ao genocídio da juventude negra nos centros urbanos, o quinto encontro do Ciclo Pororoca propõe uma reflexão sobre como a arte constrói formas de questionar estruturas perversas.

Um dos principais nomes da literatura contemporânea no Brasil, Maria Valéria Rezende dedicou-se, desde os anos 1960, à educação popular, em diferentes regiões do Brasil e no exterior, tendo trabalhado em todos os continentes. Ísis Bey Trindade é artista visual, ceramista e arte educadora. Desde 2018, é responsável pelas atividades de artes visuais desenvolvidas ao longo do ano pelo Festival Artes Vertentes com as crianças e adolescentes de Tiradentes. No quarto encontro do Ciclo Pororoca, conversaremos sobre a experiência e participação das convidadas em ações que promovem libertadoras mudanças na sociedade e na vida de indivíduos, transformando as formas de ação e convivência com os espaços que ocupamos e a maneira como percebemos nossa identidade e memória por meio da arte e da cultura.

Durante os últimos cinco séculos, o Brasil legitimou um ideário que vem permitindo a destruição da floresta e dos povos originários em nome de interesses dos centros de poder. Apesar das tentativas de abafamento ou mesmo silenciamento das vozes de resistência, nas últimas décadas os povos indígenas passaram a divulgar suas narrativas múltiplas. Em uma conversa com a líder indígena, escritora e professora Shirley Djukurnã Krenak e com o indigenista, antropólogo e cineasta Vincent Carelli, o terceiro encontro do Ciclo Pororoca: o encontro das artes abordará as narrativas indígenas construídas a partir das vozes e olhares dos diversos povos indígenas e a estreita relação existente entre essas narrativas e a preservação do meio ambiente.

Em cidades onde as árvores não gozam do mesmo status de preservação do que o concreto e em países onde os povos originários são constantemente silenciados e invisibilizados, recebemos Nelson Cruz e Marilda Castanha para uma conversa sobre a reciclagem da vida: através dos universos poéticos dos premiados ilustradores, propomos um encontro acompanhado pelos gritos dos Ficus Benjamina e sussurros de Cobra Norato.

No primeiro encontro do nosso ciclo, conversaremos com o poeta Guilherme Gontijo Flores e com o ilustrador Daniel Kondo sobre dois trabalhos realizados em parceria recentemente: o livro “A Mancha” (FTD, 2020) e “Coestelário: mundos para rememorar”, um impactante projeto poético visual que homenageia algumas das grandes perdas que tivemos em 2020 e relembra a arte deixada por aqueles que se foram. Convidamos-lhe a contribuir com o nosso ciclo através do preenchimento do formulário abaixo. Deixe também suas sugestões. No final dos 10 encontros, será gerado um certificado de participação! https://forms.gle/SJ2PZimDsCqu6A5VA