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UM FESTIVAL
QUE ESTIMULA DIÁLOGOS

 

“Além da programação em si, o festival tem trabalhado ao longo do ano com crianças da região, fazendo do evento em si apenas o ponto mais visível de uma atividade ampla. Por isso, pela sólida proposta conceitual, muito mais do que mero pretexto ou sugestão, e pela realização de alta qualidade, o Artes Vertentes é hoje um dos mais importantes eventos do calendário da música brasileira”.

 

João Luiz Sampaio

Estado de São Paulo

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O início de um novo ciclo. Após anos de descobertas, encontros, desafios e superações, aprendemos a cada edição e amadurecemos através dos nossos erros e acertos. Podemos, no entanto, asseverar que, após dez anos, a nossa crença na arte como a mais revolucionária ferramenta de transformação humana e social permanece inabalável. E não estamos sozinhos nesta convicção! 400 artistas de 30 países diferentes ajudaram a construir a história do Festival Artes Vertentes — Festival Internacional de Artes de Tiradentes —,  hoje consolidado e reconhecido como um dos mais importantes festivais de artes do país. O que isto representa? A história da primeira década do Artes Vertentes é, sobretudo, um tempo de amizades que floresceram nas ruas da cidade barroca mineira e que se renovam a cada primavera graças ao maior patrimônio que Tiradentes abriga: o seu povo. 

Desde a sua criação em 2012, o Artes Vertentes deixou de ser apenas um festival que durante onze dias apresenta uma intensa programação artística nas suas diversas linguagens para se transformar numa “ocupação” contínua da cidade por meio de impulsos artísticos perenes, seja através de residências com artistas de diversas partes do mundo ou da Ação Cultural Artes Vertentes, que  proporciona uma iniciação no universo da arte para a população infanto-juvenil de Tiradentes. Os frutos desta constante efervescência cultural permitem-nos agora alçar vôos ainda mais altos rumo ao Centro Artes Vertentes de Cultura, previsto para ser inaugurado no segundo semestre de 2024, na comunidade rural da Caixa d’Água da Esperança, num imóvel desativado cedido à Associação dos Amigos do Festival Artes Vertentes graças a parceria firmada com a Prefeitura de Tiradentes.

-O que andas a fazer com um caderno, escreves o quê?

-Nem sei, pai. Escrevo conforme vou sonhando.

-E alguém vai ler isso? 

-Talvez.

-É bom assim: ensinar alguém a sonhar.

-Mas pai, o que passa com esta nossa terra?

-Você não sabe, filho. Mas enquanto os homens dormem, a terra anda procurar.

-A procurar o quê, pai?

-É que a vida não gosta sofrer. A terra anda procurar dentro de cada pessoa, anda juntar os sonhos. Sim, faz conta ela é uma costureira dos sonhos.

 

Mia Couto (Terra Sonâmbula)

 

 

Frequentemente ainda nos perguntamos quais paisagens vislumbrávamos quando, em julho de 2011, plantávamos aqui o sonho de ver a arte florescer nessas ruas de maneira plural, transversal, viva e dinâmica. Treze meses depois, nascia o Festival Artes Vertentes – Festival Internacional de Artes de Tiradentes.

 

Paisagens Imaginárias. Ao escolhermos este mote curatorial para a presente edição, refletimos sobre como a arte pode ser transformada a partir das (con)vivências em paisagens que nos abraçam e também sobre as possibilidades de transformação da nossa realidade através de outras paisagens que só a arte permite-nos imaginar. Justamente essa tem sido a história do Artes Vertentes em Tiradentes, cidade que acolheu o festival com tamanha generosidade, possibilitando que anualmente artistas e espectadores sejam transformados graças à confluência de culturas, origens e linguagens artísticas.

 

Entre 16 e 26 de novembro, a 12ª edição do Artes Vertentes apresenta 11 dias de uma intensa programação que conecta 69 atividades, desconstruindo as paredes que uma lógica segmentadora tenta em vão erigir entre as artes visuais, a música, a literatura, as artes cênicas e o cinema. Em terras onde a própria natureza deslumbrava por seus tesouros reais e imaginários, as veredas propostas pelo festival falam de povos e terras distantes; atravessam paisagens de um país excluído e esquecido no abandono e na solidão; descortinam uma Terra que se comove diante da míope visão que temos do nosso próprio entorno; e convidam-nos a novamente sonhar para (re)construir as paisagens que habitamos.

 

Convencidos de que a arte é apenas uma ferramenta que revela mundos de infinitas possibilidades, reiteramos nosso compromisso com a comunidade tiradentina de não restringirmos a presença do Festival Artes Vertentes nessas paisagens somente aos onze dias de festa que comemoramos com vocês. Após anos de permanência ininterrupta nos bairros periféricos da cidade mineira, oferecendo a mais de 150 crianças, adolescentes e adultos o contato perene com a arte, a Ação Cultural Artes Vertentes transpõe as fronteiras da própria urbe, abraçando agora também as comunidades rurais de Tiradentes. Agradecemos aqui nossos patrocinadores, apoiadores e Amigos do Festival Artes Vertentes que nos ajudam a manter este sonho vivo. E se a vida é a costureira dos sonhos, como afirma o escritor moçambicano, o Festival Artes Vertentes deseja ser um dos fios dessa onírica trama.

Desejamos a todos, todas e todes um excelente Artes Vertentes!

Maria Vragova
Diretora executiva

Luiz Gustavo Carvalho
Diretor artístico

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